A Aids Na África
A África enfrenta inúmeros
problemas, especialmente sociais. No entanto, nas últimas décadas uma doença
tem impedido o desenvolvimento do continente, a AIDS. A contaminação começou no
início dos anos 80, expandindo-se rapidamente, pois em 1990 já existiam 10
milhões de infectados.
A partir dessa década até os dias atuais o número de infectados elevou-se mais
de quatro vezes, são aproximadamente 42 milhões em todo continente. Resultando em
uma mortandade de 22 milhões de pessoas e 13 milhões de órfãos.
A doença tem uma participação negativa na configuração do IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) dos países africanos no que diz respeito à esperança de
vida, isso porque o índice de mortalidade é alto.
O impacto da AIDS não se restringe somente à perda de vidas, mas também
interfere diretamente na composição da PEA (População Economicamente Ativa) dos
países, camada da população composta por adultos que se encontram inseridos no
mercado de trabalho e podem gerar renda, pois pode comprometer um possível
desenvolvimento.
Grande parte dos países africanos está perdendo maciçamente seus adultos, por
exemplo, um em cada três adultos está contaminado em Botsuana, Lesoto, Suazilândia
e Zimbábue; um em cada cinco adultos se encontra infectado na Namíbia, África
do Sul e Zâmbia; e um em cada vinte nos outros países.
Na África, a doença atinge todas as classes sociais, professores, agricultores,
operários e funcionários públicos, entre outros. Para se ter um ideia, somente
Zâmbia teve um baixa de 1.300 professores em consequência da AIDS, ou seja,
dois terços dos formandos de um ano. Estimativas revelam que até 2020 os países
africanos deverão perder um quatro da força de trabalho.
A África Subsaariana responde por 70% dos casos de AIDS, no entanto, isso não
quer dizer que a África Islâmica esteja imune dos profundos impactos
decorrentes da doença. Os rumos da epidemia são determinados pelos aspectos
sociais e as iniciativas implantadas para contê-la. As perspectivas são
pessimistas quanto ao número de contaminação, calcula-se que até 2025 a África
tenha, aproximadamente, 200 milhões de pessoas contaminadas.
·
Moral
Sendo a relação sexual o principal
meio de infecção pelo HIV, a falta de claros padrões morais evidentemente ajuda
a espalhar a doença. Mas muitos acham que não é prático recomendar a
abstinência sexual para os não-casados. “Simplesmente pedir aos adolescentes
que se abstenham de sexo não dará certo”, escreveu François Dufour no jornal The
Star, de Johanesburgo, África do Sul. “Eles são bombardeados diariamente
com imagens eróticas sobre como deveria ser o seu visual e como deveriam se
comportar.”
A conduta dos jovens parece
confirmar essa avaliação. Por exemplo, uma pesquisa num certo país revelou que
cerca de um terço dos jovens de 12 a 17 anos já havia tido relações sexuais.
O estupro é encarado como problema
de emergência nacional na África do Sul. Um artigo no jornal Citizen, de
Johanesburgo, disse que o estupro “aumenta tanto que supera qualquer outro
risco à saúde das mulheres neste país e, cada vez mais, à de seus filhos”. O
mesmo artigo observou: “A violação de crianças dobrou nos tempos recentes
. . . Pelo visto, esses atos são cometidos na perpetuação do mito de
que um portador do HIV que violenta uma virgem será curado.”
·
Doenças sexualmente transmissíveis
(DST)
O índice de DSTs na região é elevado. A
revista South African Medical Journal observou:
“A presença de uma DST aumenta de 2 a 5 vezes o risco de contaminação pelo
HIV-1.”
·
Pobreza
Muitos países na África lutam contra
a pobreza, que cria uma condição favorável à propagação da Aids. Certas coisas
consideradas necessidades básicas nos países desenvolvidos nem existem em
muitas regiões nos países em desenvolvimento. Grandes comunidades não têm
energia elétrica nem acesso à água tratada. Em áreas rurais as estradas são
ruins ou inexistentes. Muitos moradores são desnutridos e faltam bons
hospitais. A Aids tem um impacto negativo sobre os negócios e a indústria. Com cada
vez mais empregados infectados, as empresas mineradoras sentem os efeitos da
queda de produção. Para compensar, algumas estudam meios de automatizar e
mecanizar certas operações. Numa certa mina de platina, calculou-se que os
casos de Aids entre os empregados quase dobraram no ano 2000, e uns 26% dos
trabalhadores estavam infectados.
Um triste resultado da Aids é o
grande número de crianças que se tornam órfãs quando seus pais morrem da
doença. Além de perder os pais e a segurança financeira, essas crianças têm de
suportar o estigma ligado à Aids. Em muitos casos, os familiares mais próximos
ou as comunidades são pobres demais para dar assistência, ou não querem dar.
Muitos órfãos saem da escola. Alguns se prostituem, disseminando ainda mais a
doença. Vários países criaram programas governamentais ou particulares para dar
assistência a tais órfãos.
·
Ignorância
Grande número dos infectados pelo
HIV não sabe disso. Muitos não querem fazer o teste por causa do estigma ligado
à doença. “Os portadores do HIV, ou suspeitos de que sejam, podem ser excluídos
dos cuidados médicos, impedidos de arranjar moradia ou emprego, evitados por
amigos e colegas, recusados para cobertura de seguro ou para entrada em países
estrangeiros”, segundo uma nota à imprensa do Programa Conjunto das Nações
Unidas sobre HIV/Aids. Alguns foram até assassinados quando se descobriu que
eram portadores do HIV.
·
Cultura
Em numerosas culturas africanas,
muitas vezes não se permite às mulheres inquirir seus parceiros sobre casos
extraconjugais, recusar relações sexuais ou sugerir práticas sexuais mais
seguras. Crenças culturais não raro refletem ignorância ou recusa de aceitar a
realidade da Aids. Por exemplo, alguns talvez culpem a feitiçaria pela doença e
recorram à ajuda de feiticeiros.
·
Assistência médica inadequada
Hospitais já precários têm sido
sobrecarregados ainda mais em razão da Aids. Dois grandes hospitais informam que
mais da metade dos pacientes são soropositivos. O chefe de um hospital em
KwaZulu-Natal disse que suas dependências operam com uma capacidade de 140%. Às
vezes, dois pacientes ocupam a mesma cama e um terceiro fica no chão, debaixo
dela! — South African Medical Journal. Por
mais trágica que seja a situação na África, os indicadores são de que pode
piorar.
Gabriel Souza Machado Nº10 3ºB